sexta-feira, 30 de março de 2007

Ópera da desgraça alheia: 1º ato - "A 3 por 4 da discórdia"

"Vai na hora? Foto na hora!", "Formulário de RG, vai foto na hora...", "Vai foto, jovem?". Não, minha senhora, não vai foto coisíssima nenhuma.


É essa a aboradgem que sofro quase todos os dias da semana ao passar em frente à galeria/lugar feio/lugar fedido/lugar de gente esquisita/lugar de piratas/lugar de lotérica lotada/lugar de qualquer coisa que não seja legal, como uma placa de um 'restaurante', que apresenta em seus dizeres: "Service Self" (!).


Espero que a descrição acima os façam ser transportados para aquele antro. Agora que já conhecem o cenário, vamos aos personagens:


Protagonista: Eu. Interpretado por um belo ator de olhos castanhos de nome Elmo. Seu drama é precisar escutar todos os dias a mesma ladaínha quando vai pegar o trem.


Coadjuvante: A mulézinha da foto. Vivida por uma atriz decadente, velha, daquelas de quinto escalão, nível contratação de SBT. Sua missão é repetir exaustivamente a mesma coisa todo santo dia, como uma papagaia desvairada. Seu figurino inclui uma plaquinha laranja, com diversas fotos franduleiras, revestida com plástico e com quatro tampinhas de garrafa, uma em cada canto, quero crer que para o plástico não grudar e para que as fotos possam ser periodicamente trocadas, de acordo com o fluxo de insolentes tiram a tal foto.


Figuração: A maior parte é a galera feia e, às vezes, "cheirosa". Transeuntes do centro da cidade. Alguns atores de aparência um pouco mais aceitável poderão ser chamados para aumentar a audiência, mas apenas como pano de fundo, para não destoar o astro.


Personagens e cenário devidamente colocados, vamos à cena: Todos os dias, o maravilhoso trabalhador sai de casa para trabalhar, mas não muito cedo, pois ele não madruga para não correr o risco de ter olheiras. Segue em sua jornada diária até o centro da cidade e se depara com a criatura com corte de cabelo dos anos 70 que pergunta se ele quer foto 3X4.

NÃO! EU NÃO QUERO! Se eu quisesse eu pediria. Cacete, não insista. Todo dia ela me vê e pergunta se eu quero foto. Se eu precisasse de foto todo dia, eu teria um depósito de documentos em casa. E não é possível que ela não me conheça. Diariamente olha pra mim e faz a mesma pergunta. Ela deve me ver de longe e pensar "Hum... lá vem ele... vou sacanear...". Depois que eu passo ela deve dar uma risadinha safada do Rabugento. Deve até contar para as amigas, "pô, peguei ele de novo".

Começo a imaginar o que acontece com as pessoas que aceitam a proposta. Abdução? Quem sabe?

sexta-feira, 23 de março de 2007

Sai água, sai!

Quem foi o débil que inventou a torneira automática? Por favor, alguém acha aquilo realmente necessário?


Os velhos tempos têm que voltar de foguetinho. É muito bom usar a torneira de casa, daquelas antigas, que giram, sabe? Está tudo tão moderno, o design do banheiro lá de casa deve mesmo estar ultrapassado. Retrô é a palavra, e nem tão retrô assim.


A torneira que tem um botão em cima, daqueles que você aperta e corre contra o tempo enquanto ele sobe e a água vai se esvaindo ainda são aceitáveis. Apesar de eu me sentir numa competição de TV toda vez que aperto o botão (como se alguém do meu lado gritasse: "Valendooo!"), precisando lavar as mãos ou, pior ainda, escovar os dentes, em tempo recorde, a automática ainda nos dá um certo conforto de uso. Contudo, ela nos desconcentra na tarefa, pois é preciso apertá-la sucessivas vezes para que o jato se renove, aí você precisa parar um pouquinho para repetir o procedimento toda a vez que a água para. Dá até vontade de levar um tijolo e colocar em cima.


Como disse anteriormente, a citada acima é "aceitável". Agora o que me moveu a escrever foi usar a torneira eletrônica. Patente do demônio, com certeza. Fora o fluxo de água inconstante, temos que nos contorcer feito lagartixas para que ela funcione. A mão precisa estar milimetricamente colocada em frente ao sensor para que a budega faça seu trabalho. Não desistir será tarefa para poucos, entre muitos que sairão com as mãos cheias de sabão por faltar água e paciência. Não é raro resquícios de espuma ficarem nas patas de todos os que usam o funesto equipamento.


Seria pedir muito se eu quisesse que as torneiras voltassem a funcionar bem como antigamente? Tá certo, é pra economizar água, mas não dava pra fazer isso com a descarga, que só seria acionada quando caísse um trolho na privada? Ou uma piscina sem água? Coloca areia, tá valendo. Quero torneiras comuns.


E uma ressalva: o único aparelho sanitário que acho no mínimo interessante é o encontrado em banheiros masculinos, nos mictórios. Você faz xixi e quando sai da frente, a descarga é acionada automaticamente, sem precisar encostar em nada. Se um é patente do demônio, esse só pode ser patente alienígena. Mulheres, vocês precisam ver. Invadam uma 'casinha' para homens e confiram.

segunda-feira, 19 de março de 2007

Gente velha é foda


Este é o post de aniversário do autor do blog. O velho do título sou eu. Está certo, nem tanto assim, mas os sinais vão surgindo.

Dores nas costas e nas pernas não são novidade, longe disso, contudo ainda deve ser resultado conjunto: Idade chegando (devagar...) + sedentarismo = dores.

O que me deixa constrangido no aniversário são as manifestações públicas em conjunto. Não só quando sou o alvo, como quando qualquer motivo gera uma manifestação escandalosa em público. Coisa de idoso.

Coisas como cantar Parabéns a você bem alto no corredor da faculdade são demais para minha cabeça. Me uno aos malucos para não morrer de vergonha.

Reclamações, ranhetices e neurastenias à parte, toda forma de carinho é bem-vinda. Não consigo me irritar, pois é uma homenagem muito "peculiar"...

E aqueles momentos de bobeira nessa época são clássicos. Toda vez na véspera eu penso: "nossa, é o último banho que tomo com 103 anos...", "pô, é a última vez que cago com 7 anos...", "caramba! é o último pedaço de pudim de jiló que como com 63 anos...", e por aí vai... O mesmo acontece no dia seguinte, é lógico, mas nesse caso, já com a idade completa, então é como se fosse a primeira vez para tudo. Mudando de ocasião, sem mudar de assunto, isso é o que sempre ocorre nos dias 31 de dezembro e primeiro de janeiro subsequente. Estou absolutamente convencido de que esse tipo de babaquice não é mania minha. Confessem.


Só para constar. Algo que me fez rir muito no dia de comemoração do meu nascimento foi: "Três de machão" (uma amiga contanto de um sujeito falando o nome do desodorante Très Marchand). E por falar em risadas, o dia me rendeu alguns assuntos para futuros posts. Aguardem.

sábado, 17 de março de 2007

Abracei o capeta

Pense em calor. Agora multiplique por 10. Essa é a potência da quentura de um estúdio de rádio sem ar condicionado.

Mas também, quem foi o amaldiçoado filho de uma ronca-e-fuça que prometeu que o aparelho iria ficar pronto até uma hora da tarde e às oito da noite ainda não tinha chegado?

É mania de brasileiro. Nada por essas bandas fica pronto no prazo. Nada. Principalmente quando é alguma coisa essencial, como um ar condicionado de uma salinha cheia de gente e sem nenhuma janela.

E tem gente que ainda dá risada da desgraça alheia. Vai rindo, vai. Enquanto ainda tem os dentes. Um dia algum meliante esquentadinho vai fazer você rir com um tropicão na rua.

Pra colaborar, a galerinha do mal colocou um ventiladorzinho safado na mesa pra dar uma aliviada. Uns quinze minutos depois e foi o bastante para o trambolinho quebrar. Um dos dentinhos de enfiar na tomada caiu. Vê se pode. E eu que acabei de falar que quem ri da desgraça dos outros perde os dentes. Imagine só, não é que o ventilador estava rindo da gente? Essa é a única explicação que me ocorre.

Que calor. Deserto do Saara é fichinha. Pode me enviar numa caixa pro Thar, pro Gobi ou pro Vale da Morte no Mojave. O clima deve ser tropical por lá, comparado ao estúdio. O povo estava derretendo, literalmente. Parecia sauna, todo mundo suado. Bi-za-rro.

Agora posso dizer com todas as letras: VISITEI O INFERNO E ABRACEI O CAPETA!

quarta-feira, 14 de março de 2007

Redundância redundante

Subir pra cima, descer pra baixo, sair pra fora, entrar pra dentro. É, meus caros amigos e minhas estimadas amigas, isso existe, não é ficção científica.

Dizem que a vingança é um prato que se come frio, pois a redundância é um prato que não se come, corre-se o risco de intoxicação. Sei que de vez em quando sai sem querer, mas continua sendo absurdo mesmo assim.

Dia desses alguns amigos e eu estávamos papeando sobre a vida alheia, e eis que um deles, de repente, não mais do que de repente, solta essa: "Missionário faz missão". Pô, se ele não fala...

Isso me impressionou muito. Eu juro que não sabia que os missionários fazem missões, assim como não tinha lobrigado que os cantores cantam, os atores atuam, as boleiras fazem bolo, os padeiros fazem pão, as cabeleireiras fazem cabelo, as prostitutas fazem sexo e os políticos fazem desvios de dinheiro...

Para quê completar o que já está completo, ou insistir de maneira desnecessária nas coisas que já estão muito bem explicadinhas, nos seus mínimos detalhes?

Hei de ser prolixo, sem jamais ser redundante.

Fato é fato, há coisas que podem ser deixadas de lado, em um esconderijo secreto chamado "subentendido". A melhor caverna que existe para guardar pedaços de frases é o "subentendido".

Deixe as coisas no ar, todo tipo delas. Seja misterioso. A vida fica bem mais aliciante quando precisamos decifrar as pessoas. Duplos-sentidos mil também valem, quanto mais, melhor. E seja esperto, procure atentar para quando alguém deixou alguma informação subentendida. Não explique o que já está explicado.

Não explique o que não tem explicação, não é necessário, também é redundante.

Já estou quase mudando de assunto, melhor parar, antes que eu me torne redundante, se é que já não me tornei.

sexta-feira, 9 de março de 2007

A goiaba e a mosca

As plantinhas e os animaizinhos são muito importantes, ponto. E eu com isso?

Pode não parecer um a boa maneira de se iniciar um post, mas o blog é meu e eu faço o que eu bem entender.


Sendo assim, hoje criticarei a parte detestável da fauna e a violência da flora. "Como?", você me perguntaria, acaso estivesse ao meu lado. Falarei de um animal, se é que posso denominá-la assim, e de uma árvore específica, para exemplificar o conjunto. Posso estar equivocado, porém acho que o nome disso é ...a parte pelo todo..., ou uma espécie de metonímia.

Direto ao assunto: há algo mais desagradável do que a mosquinha de banheiro? Não dá, toda vez que entro no banheiro me deparo com uma criaturazinha esquisita, melhor dizendo, um par de asas e antenas, porque é só isso mesmo, me observando fazendo qualquer coisa, desde escovar os dentes, até cagando, passando por nu tomando banho. Ah, eu mato mesmo. Dá licença, bicho folgado! Fato é que não é tão difícil matá-las, pois o que elas têm de incheridas, têm de burras. Lerdas que só a miséria, basta jogar um borrifo de água que elas desmancham. É a lei da compensação.


Outra indignação sobre a natureza surgiu após ouvir o barulho de uma goiaba madura despencando da árvore dia desses na faculdade. Deus me livre de estar passando embaixo da goiabeira assassina bem na hora. E olha que escapei por pouco, uns três metros que eu estivesse para a esquerda e pimba. Causa mortis no atestado de óbito: atingido por goiaba desvairada, traumatismo craniano grave.

Essa sim foi uma reclamação justa. Todo mundo tem do que se queixar. Uns têm medo de cobra, aranha e outros animais peçonhentos, ou nojo de barata, paúra de lagartixa. Eu continuo com raiva das Psychodas e das Telmatoscopus, esse díptero de nome artístico "mosca-de-banheiro", que, apesar de tudo, não tem nem a vergonha na cara de dizer que, na real, é um mosquito.

Sem mais colocações, despeço-me.

segunda-feira, 5 de março de 2007

Sobre a debilidade da mente humana

Era só o que faltava para começar bem a produção desse blog. Agora não faltará mais. Era realmente preciso criticar a mente do "ser pensante" conhecido como humano, ou melhor, homo sapiens, ou ainda melhor homo sapiens sapiens. A melhor descrição científica deveria ser homo non sapiens. Sensacional a maneira como o humanóide se comporta às vezes.

O fato que me moveu a escrever esse post veio da minha própria cachola, que de vez em quando solta umas asneiras.

Tinha acabado de desembarcar na faculdade quando encontrei uma amiga, que trazia junto ao peito um livro, um tanto velho, que logo imaginei ser da biblioteca. Aí pensei: "puxa, será que é um livro obrigatório do qual não tomei conhecimento?" - tá certo, não foi assim que pensei, tão bonito, deve ter sido algo do gênero: "cacete, mais um livro chato e antigo...".

Depois de cumprimentá-la, empurrei o fichário dela para longe do corpo até o ponto em que conseguisse enxergar a capa do tal volume. Ao contemplar o título da obra ("História da economia no Brasil", ou qualquer coisa assim) pensei "Boa Sorte", para que ela se divertisse com interessantíssima leitura, mas minha língua de trapo correu na frente da mente e eu disse: "Boa Tarde!", com a maior convicção do mundo, com tom de quem disse Boa Sorte de fato. Sei lá viu...

Mais esquisito ainda foram as lembranças que o fato gerou. Vou começar com a minha:

No ano passado, no aniversário do meu irmão, houve uma festinha. Até aí tudo normal. A demência ocorreu no final dela. Uma amiga da família decidiu que era hora de partir, se retirar, escafeder-se. Eis que começou sua despedida. Beijinho pra lá, beijinho pra cá, tchau aqui, tchau acolá. Quando foi a minha vez e ela me deu um beijo, dizendo "Tchau!", como fizera com todos os conhecidos anteriores, eu respondi, mais rápido do que um peido: "Tudo bem!". Como assim "tudo bem"? Tá louco. E olha que eu não bebo...

Há também mais duas estórias, de amigas de transporte, da van (perua, micro, ônibuzinho, como queiram). A primeira revela um pouco da inconsistência do pensamento e a rapidez das palavras. A garota dá um encontrão com uma menina andando pela rua e diz, com segurança: "Obrigada!". De onde saiu esse "obrigada"? Isso sim é excesso de boas maneiras. (risos) Um "me desculpe" cairia melhor.

Deixei essa para o final, pois foi a que mais gargalhadas rendeu, em todas as vezes e lugares onde foi contada.

Certo dia, a moçoila estava em casa, distraída, quando a campainha ribombou pela residência. Velozmente correu até a janela, abriu-a e perguntou para quem tinha apertado o botão do bling-blong: "Alô?" ... Alguém precisa avisar essa criatura que janela não é telefone!

Foram apenas instantes de cabecice de todos os citados, mas deixo claro, pelo menos no âmbito pessoal, que todos os personagens do post são pessoas muito queridas a mim e figuras maravilhosas, inclusive este que vos escreve.

Burramente me despeço por agora.

Tudo bem!