segunda-feira, 23 de abril de 2007

Sem espuma não limpa

"CH3(CH2)10CH2(OCH2CH2)nOSO3Na". Bonito, não? Gravem bem essa fórmula. Ela é de uma substância inventada pelos deuses. Pobres das indústrias de cosméticos que fazem um mal uso dela.

O apelido dessa maravilha é Lauril Sulfato de Sódio (SLES) e é essa a responsável por fazer espuma, além de ser um ótimo agente desengordurante.

Chega de explicações técnicas e vamos logo ao que interessa. O post de hoje é exclusivo para propor uma discussão sobre espuma, principalmente sobre shampoo que não faz espuma.

A minha indignação sobre o assunto já é antiga, mas retornou à minha mente insana há pouco tempo, quando acabou o shampoo que uso em casa. Quando isso ocorre (e tenho certeza de que não é só comigo) as pessoas geralmente usam o que estiver disponível, ou o produto de outrem, ou o sabonete, ou qualquer coisa que estiver ao alcançe.

Fui usar um shampoozinho sem-vergonha que não faz espuma e estava de bobeira no box. A primeira coisa que eu fiz foi pegar a embalagem e ler a composição. Tinha Lauril, mas deve ser em dose econômica...

Desde criança tenho a impressão de que se o lava-cabelos não fizer muita espuma, até a cabeça parecer coberta por um capacete de gesso, não estarei com a cabeleira limpa.

Fica o apelo para as empresas: mais Lauril em suas linhas de produtos.

domingo, 15 de abril de 2007

Fede, mas eu não cheiro

Nessas idas e vindas do dia-a-dia, encontramos figuras que esbanjam simpatia. Em contrapartida, não são todos que deveriam ser tão exuberantes no contato com o público.


Ontem eu passeava pelo shopping com um grupo de amigos até o ponto de não haver mais lojas para olhar vitrine e nem xongas para se fazer. Sentados em uma mesinha, começamos um papo animado, relembrando tempos remotos que não voltam nunca mais.


Ao que uma criatura se aproxima cambaleante. Sim, um mendigo meio desorientado entrou no antro do consumo (certamente sem um puto no bolso para se juntar à massa consumista) e andava exalando seu charme e, acreditem, seu cheiro. Pútrido, diga-se de passagem.


Não é que o sujeito olha para a minha face e vem na direção da mesa? Aí vem se aproximando e o aroma tornando-se cada vez mais espalhafatoso até que, finalmente, alardeia um sorriso maroto para cima dos presentes. Simpatia nota 10!


Como eu não ligo mesmo para as cagadas que a vida nos apronta, agi com a maior naturalidade que a situação poderia produzir. O mais misterioso era a forma arcaica de comunicação usada pelo indivíduo, por gestos, como Tarzan, filme mudo.


Em certo ponto da "conversa", ou "contato imediato", ele estende sua terrível mãozinha fétida para minha pessoa. Como mamãe disse para eu ser educado, o cumprimentei. Ele também promoveu sua educação para os outros, sorte das meninas que ele não se sentiu na obrigação de oferecer um beijinho de odor duvidoso. Simpático...


Mas não terminou assim, pois após perambular um pouco pelo saguão do cinema, ele voltou e eu, esperto que sou, olhei novamente. Ele fez tchau com a mão de longe e eu retornei o gesto, mas ele não se deu por contente e avizinhou-se uma última vez. Sabem pra quê? Me dar a mão para a despedida. Sem dúvida, houve outro aperto de patas. E sabe-se lá onde ele enfiou aquela mão antes.


Nojento, tchan!

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Dá pro Carlão que ele come...

Carlos era o nome do garçom. Um grupo de amigos queria se esfarrapar de comer em uma rede de fast-food árabe, cujo criador e dono é descende de italianos (?). Era um domingo, já noite, quase nove. Os clientes fizeram o pedido e ouviram a promessa de que tudo ficaria pronto em dez minutos. Há, acredito. Como comentei em posts anteriores, nada fica pronto no prazo nesse país.

Resumo do causo: uma hora depois nada tinha chegado. Consumidores exigentes teriam reclamado meia hora antes. Paspalhos demoram tanto para resmungar. Carlos disse que verificaria o andamento da solicitação.

Confessou que cometera um erro e não havia feito o pedido completo antes, mas que agora tudo sairia em velocidade inacreditável. Saiu. Todos comeram e ficaram saciados. Mas uma esfiha sobrara no prato. Constatou-se que era um item sobressalente do que fora pedido. Então uma das criaturas sentadas à mesa proclama em alto e bom som para a possível proprietária do alimento: "Dá pro Carlão que ele come!".

De pronto olhei para a boca santa que falou aquela barbaridade em público e comecei a rir. Risos vieram em resposta, mas também houveram caras de interrogação. Onde já se viu? Dentro do restaurante ficar insinuando que a cliente dê para o garçom. O que é isso? Suborno para não pagar a conta? Couver artístico?

Ai... ai... As mentes imundas e criativas são as minhas prediletas. Sempre pensam rápido e atentam para o que alguns demorariam para perceber ou nunca o fariam.