segunda-feira, 7 de abril de 2008

O problema da tradução simultânea

Conferência internacional sempre possibilita a incrível utilização de um equipamentozinho com fones para que sejam traduzidas as conversas em línguas que o participante leigo não domina.

Estive em uma dessas dia desses. E foi uma experiência engraçada, ao menos.

Lá estava um dinamarquês falando em inglês em uma palestra sobre sua carreira de documentarista. E uma rapazola traduzia com empolgação o que o estrangeiro dizia.

A certa altura, resolveram passar um vídeo no telão para ilustrar o que estava sendo dito. Prontamente as pessoas retiraram os fones do ouvido. Eu permaneci com os meus, na esperança de que a tradutora fizesse seu trabalho também com o trecho do documentário a ser mostrado. Foi a coisa mais acertada que fiz ali.

Os estúpidos que ficaram na salinha de tradução esqueceram um detalhe muito mais do que importante: fechar o microfone. Quando se quer tecer comentários maldosos, é melhor que fique entre poucos, sem transmissão para um auditório através de fones.

A mulher disse que havia chegado "a hora do sono". Me deu um arrepio por imaginar o que viria a seguir. Poderiam recordar-se e desligar o micronofe, ou ela poderia continuar soltando barbaridades. Segunda opção, por favor. Meu pedido atendido: "nossa... eles tão passando uns filmes longos hoje, né?", com aquele tom misto de tédio e desdém. Eu já estava às gargalhadas, exclamando que a mulher estava falando absurdos no meu fone. Algumas pessoas colocaram o fone a tempo de ouvir a derradeira tradução: "ainda bem que a gente não ficou lá embaixo com eles [palestrantes]... encontrei com ele e ele tava fedendo...".

Não consegui conter um ataque de riso. Coitada, deve ter sido demitida... Quem manda não ser esperta...


Um comentário:

Cintia Yuri disse...

Meus deuses.... eu sempre quis ir numa palestra com tradução simultânea para ver essas coisas acontecerem.... rsrs