Ópera da desgraça alheia - 4º ato: O sono da manhã
Você que está sem muitas ocupações na vida, fica vendo TV, comendo e usando a internet até às 4h da manhã, tem como objetivo dormir até, pelo menos meio-dia. Certo?
Em um mundo perfeito, a situação se concretizaria. Mas nesse mundo de gente sem semancol, não.
Ser acordado por um som de passos na escada não cé estranho, pois deve ser a família saindo para trabalhar. Volte a dormir.
Ao tentar voltar aos sonhos, no entanto, o som persiste. Por um instante, passa pela cabeça que tem algum meliante em casa, tentando subir as escadas para te assassinar. Mas por que um bandido ficaria tanto tempo subindo uma escada de apenas 14 degraus? Estaria ele subindo e descendo sem parar?
Toc, toc, toc. Deve ser delírio do sono. Volte a dormir, pede o corpo. Vé ver o que é, diz o miolo-mole.
Toc. Bate o pé no degrau. Toc. Mais um passo. Puta que pariu. Levanta da cama, esfrega o olho e vai até o corredor. Não são passos, óbvio. O som vem de fora. Pam, pam, pam.
Olha o relógio: 8h39. Quem caralhos resolveu quebrar uma parede às 8h39 da madrugada?
Olha pelas janelas, na esperança de ver alguém com uma marreta na mão para poder xingar. Ninguém à vista, infelizmente (ou felizmente).
Uma vez ouvi dizer que as pessoas só podem começar a fazer barulhos altos na rua a partir das 9h. Não sei se é verdade, mas fiquei com isso na cabeça. E, particularmente acho um horário justo.
Ao voltar pra cama, com um travesseiro cobrindo a orelha, o pensamento foi "se quando eu acordar de novo não houver um muro a menos na rua toda, faço questão de demolir a rua toda com uma granada..."
Bons sonhos!
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